2.2.11

Desculpa por nunca ter dado a você um nome.
Desculpa pelo descaso, pelo descompasso, mas eu não posso carregar seu corpo pequeno, você é leve demais. Não preciso do seu olhar opaco como prova do meu papel de pai ausente. Minhas mãos ainda estão sujas, então pare de me olhar, não adianta mais.
Eu juro que tentei, mas não posso amá-lo. Então vá, suma da minha vista e cresça, vire a pessoa que eu nunca serei. Esse é o melhor presente que posso dar: liberdade. Livre dos conceitos materiais que me prendem, faça-me ter inveja de você, faça eu me arrepender do dia que larguei sua alma leve na calçada, faça-me o vilão grotesco da sua fábula pessoal. Faça de mim o seu lixo.
E um dia, quando você não couber mais no seu casulo, eu juro que irei matá-lo.

Seguidores