12.3.11

End of the world - another

Dentro de um universo sem regras a liberdade inerente me vicia nesse sentimento de livre-escolha, mas eu não aceito essa situação. Eu procuro o motivo dessa tristeza, mas acreditar que está tudo bem é muito mais difícil, então eu apenas cutuco essa rachadura na parede, cutuco até ela abrir e eu poder passar por ela. Mas isso nunca vai acontecer, e a tristeza continuará. Esse é o preço da liberdade?
Eu sei que vou acordar amanhã na mesma cama de sempre, e assim o sono vai embora. Eu busco outros olhos no quarto, mas encontro somente meu reflexo, manchas cinzas no escuro de estrelas, mas não há poesia nisso. Eu faço esses papéis ridículos nesses teatros populares, pois não preciso pensar de verdade. Mas os borrões e os desperdícios continuam lá, e eu vejo no reflexo o lado fraco desse papel, o lado fraco de pensar demais. A inércia toma conta do meu corpo e as pontas de meus dedos se rebelam contra a hierarquização corporal, mas eu sei que deitar meu rosto num travesseiro sujo terminará o dia. Mesmo não querendo, não posso evitar de acreditar na esperança de um novo dia, não posso parar de acreditar que tudo vai ficar bem e todos vão ser felizes. Mataremos nossos pais mas nunca deixaremos de ser jovens felizes, até que as primeiras rugas de cinco da manhã cheguem em nossos rostos.
Erguemos nossos copos e celebramos nossa cretinice. Está tudo bem, enquanto pudermos nos abraçar não a razão para acreditar no que nos recusamos a ver.

2.2.11

Desculpa por nunca ter dado a você um nome.
Desculpa pelo descaso, pelo descompasso, mas eu não posso carregar seu corpo pequeno, você é leve demais. Não preciso do seu olhar opaco como prova do meu papel de pai ausente. Minhas mãos ainda estão sujas, então pare de me olhar, não adianta mais.
Eu juro que tentei, mas não posso amá-lo. Então vá, suma da minha vista e cresça, vire a pessoa que eu nunca serei. Esse é o melhor presente que posso dar: liberdade. Livre dos conceitos materiais que me prendem, faça-me ter inveja de você, faça eu me arrepender do dia que larguei sua alma leve na calçada, faça-me o vilão grotesco da sua fábula pessoal. Faça de mim o seu lixo.
E um dia, quando você não couber mais no seu casulo, eu juro que irei matá-lo.

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